top of page

Costurando o oceano (sewing the ocean) foi um processo de composição e gravação que começou em 2014, e foi finalizado em 2015. Neste livro sonoro, que é como eu penso o álbum, como um livro sonoro, busquei de volta, canções que foram compostas no começo da minha adolescência, minhas primeiras composições indie, folk e lo-fi, fazendo um traçado do meu percurso, desde aquilo que me influenciou na infância, entre Jequié e Maracás, na Bahia, quando ouvia meus pais escutando seus vinis, ou ouvia meu pai tocando no violão canções de sua autoria. E minha irmã, Beta, e eu, com nosso pai, gravávamos em fitas cassetes pequenos ensaios de voz e violão.

Em 2014 estava morando em Eberswalde, na Alemanha - país no qual vivia desde 2010 - e em vias de me mudar para Berlim. Nesse contexto vou juntando essas memórias, com a fase da adolescência, quando adentrei o coletivo LSDiscos, aos 14 anos, e fui integrante da banda de música eletrônica experimental Bolor 9, em São Paulo (nessa fase minha família havia se mudado para São Paulo capital) é quando começo a costurar as experiências que tive até então e que transitam junto a toda cosmologia de minha ancestralidade indígena, as transmissões geracionais e a cosmologia da Jurema.

Jurema: prática da metafísica ancestral de povos indígenas no Nordeste desde antes da invasão e colonização europeia. Minha família inteira vem da zona do campo da região dos Maracás, na Bahia, local originalmente indígena, de etnia Kiriri mas que eram chamados Maracás pelos Tupis. A região foi submetida, no passado, a um aldeamento compulsório, multiétnico, devido a diversos deslocamentos, dispersões e diásporas ocorridas entre povos indígenas do centro-sul da Bahia e Maracás se torna uma cidade de cultura forçadamente assimilada, no final do século XIX. Eu sou de origem indígena de mais de um povo, a família de meu pai é toda indígena Pataxó-Tupi, e parte da família de minha mãe, do lado do pai dela, é Kiriri. Nesta região a cultura Catimbó, mixando a cosmologia indígena da Jurema com as cosmologias africanas Yorubá e Bantu, é bastante presente.

Ao mesmo tempo que comecei a compor Costurando o oceano, também comecei o livro que chamei de Tecendo a terra, com os quais vou costurando e tecendo uma conversa entre os tempos e espaços.

Atualmente, 2023, estou morando em São Paulo, e os livros sonoros estão na fase de edição e masterização.


Sewing the ocean is a composing and recording process that started in 2014 and was completed in 2015. In this sound book, which is how I think about the album, as a sound book, I took songs that were composed by me in the beginning of my adolescence, my first indie, folk and lo-fi compositions, tracing my path, from what influenced me as a child, in my hometowns Jequié and Maracás, in Bahia, when I use to hear my parents listening to their vinyls, and my sister and I, with our father, used to record small acoustic guitar and voice rehearsals on cassette tapes.

I lived in  Germany for 5 years since 2010 to 2015,  first in Cologne,  than in a small city Eberswalde, and in 2014 I was about to move to Berlin. In that context, I started to collect memories, with the adolescence phase, when I joined the LSiscos Collective, at age 14, and was a member of the experimental electronic music band Bolor 9, in São Paulo (at this stage my family had moved to São Paulo Capital City. ) Was when I started to stitch together the experiences that I had so far and that transit along with the entire cosmology of my indigenous ancestry, the generational transmissions and Jurema's cosmovision. 

Jurema: ancestral metaphysical practice of indigenous peoples in the Northeast of Brazil, since before the European invasion and colonization. My entire family comes from the country area of Maracás, in Bahia State, originally an area of indigenous peoples from the Kiriri ethnic group, but which were called the Maracás peoples by the Tupis peoples. The region was subjected, in the past, to a compulsory settlement of multiethnic indigenous peoples, due to various displacements, dispersions and diasporas that occurred between indigenous peoples in the center-south of Bahia. Then Maracás became a city of forcedly assimilated culture, at the end of the 19th century. I have indigenous origin from the Pataxó-Tupi-Kiriri peoples. In this region, the culture called Catimbó, that mixes the Jurema's indigenous cosmology  with the african Yorubá and Bantu cosmologies, is very present.

At the same time that I started composing Sewing the ocean, I also started the book I called Weaving the land, with which I am sewing and weaving a conversation between times and spaces.

Currently, 2023, I am living in São Paulo, and the sound books are in the editing and mastering phase. 







Juliette´s heart , 2002.
Juca´s song, 2002.
Someday i will be a black cat , 2001.
Jo eh, A paisagem da janela, 2000.
A paisagem da janela gravada para esse disco é de 2014, mas a linha de violão é de 2000.

Noite e memória é uma composição de José Alcântara Raimundo (meu pai).

Ponto de Oxossi é uma versão de cantiga de Orixás do candomblé Ketu.

As demais peças foram compostas em 2014. 



 

bottom of page